Em todos os locais em que se busca uma notícia, uma informação está estampado o caso do goleiro Bruno. Essa sucessão de fatos relacionados ao caso me relembra uma velha reflexão minha sobre os novos valores da sociedade.
Há alguns dias eu estava conversando com uma senhora que eu gosto sobre o caso, e eu ouvi algo que me deixou de certa forma atônito, ouvi ela dizer que a culpa pelo crime era da Elisa e não de quem o matou, ou de quem suspeitam. Segundo o que eu ouvi, ela era a culpada por se relacionar com pessoas como as que se suspeitam terem matado-a. Me questionei então sobre isso, pois em minha pobre visão de um mundo correto, nada que ela tenha feito justificar tal brutalidade.
Já ouvi, outrora também, que as mulheres são geralmente culpadas pelos estupros que sofrem, ou até mesmo pelas violências de variadas espécies.
Ora certas atitudes não são nunca justificativas para violências de tais natureza.
Mas eu percebi que este pensamento não encontra-se apenas aqui ao meu lado, mas está bem difundido e criando raízes, assisti um "especialista" em segurança na TV, dizendo que as pessoas não devem transitar pelas ruas falando ao celular, pois isso é errado e incentiva o roubo do aparelho, e que também não se deve usar colares ou pulseiras de ouro ou douradas, para também evitar serem roubadas.
Será que o correto não seria podermos usar livremente aquilo que adquirimos com suor do trabalho, e que por nada isso nos deveria ser tomado? Será que as mulheres não podem usar roupas mais provocantes? Ou será que devemos sempre acertar a personalidade das pessoas que conhecemos a algum lugar? pois eu não vejo estampado na testa "eu sou bom" ou " eu sou mal". Acho que a sociedade precisa rever seus valores sobre o que é certo e o que é errado, sobre quem somos, quem devemos ser, que queremos ser. Acho que precisamos entender o diferente, e saber que podemos sempre melhorar. Creio que estes valores tem se perdido ao longo do tempo, com o surgimento da intolerância às diferenças, do preconceito com que não conhecemos, com a ilusão que a grama do vizinho é sempre mais verde. E quando isto vai avançando de geração em geração, a tendência é apenas piorar.
Existe um ditado que diz que a educação vem de berço, e talvez ai esteja a resposta para deixarmos este ciclo vicioso. Está na hora de dizermos a nossos filhos que o diferente existe, precisa de respeito e que não somos os donos da verdade, que todos podem ter razão. E que quando não conhecemos algo, não podemos dizer que fazemos parte ou julgarmos.
Um negro não é melhor que um branco, e nem um branco melhor que um negro, um cristão não é melhor e nem mais certo que um budista, muçulmano, ubandista, ou que um ateu. Um heterossexual não está mais certo ou errado que um homossexual, um rico não é melhor que um desfavorecido, um famoso não é superior à um anônimo, enfim é sempre tudo igual, apenas os caminhos diferentes.
O ponto de vista é que é o ponto da questão. O valores certos, da justiça, da honestidade, do caráter, da humildade, da compaixão, da sinceridade gritam já sem fôlego por socorro e cabe a todos irmos atrás destes valores para resgatá-los, para que nossos filhos façam parte de algo novo, de algo que realmente vale a pena.
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